Casa no Loteamento da Cruz | Aljezur | 2005-2008
Com uma localização privilegiada, na franja do loteamento, o lote de implantação desta casa debruça-se, a Sul, sobre uma várzea sem construções.
Partiu-se de um programa comum para uma habitação pequena e permanente: sala, cozinha, dois quartos, três se possível. Havia ainda a expectativa de ultrapassar de algum modo a pequena dimensão do lote e da casa que o poderia ocupar.
Um pátio surgiu como lugar sagrado na casa, em torno do qual se desenvolveriam os compartimentos públicos, no piso térreo. No piso superior, um corredor e dois quartos olham a várzea através de um alpendre e de um terraço orientados a Sul. Os dois pisos são articulados por duas escadas: uma interior, com posição nuclear na casa, em volta da qual circulamos; outra exterior, ligando pátio e terraço. Tal como o pátio e o terraço, as duas escadas estabelecem entre si uma relação de contraponto. Os percursos dentro e fora da casa multiplicam as possibilidades de passagem de uns espaços para outros, e assim transfiguram a pequena dimensão desta casa.
Com um telhado de duas águas pontuado por duas chaminés - uma de fumo, outra de luz - esta casa procura memórias de outras casas mais anónimas, com telhado, janelas e geometrias elementares. Procura ainda memórias de lugares comuns, capazes de enriquecer a vida quotidiana: um pátio introvertido onde se espera crescer uma árvore; um terraço soalheiro com vista panorâmica; um alpendre sombrio onde o tempo se passa a coberto, do Sol e da chuva; uma sequência de portas e passagens, percursos alternativos que permitem deambular pela casa.
arch: Nuno Arenga col: Paulo Rocha, Rui Rosa