casa mortuária, Barrancos

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Casa Mortuária, Barrancos | Alentejo | Portugal | 2019 | concurso

Num contexto de reminiscências vernaculares, a proposta apresentada a concurso busca uma forma elementar, inequivocamente contemporânea, afirmando uma presença telúrica, fortemente articulada com o lugar físico e cultural em que se insere. Esta forma elementar, plasticamente unitária, pretende ainda estabelecer uma relação simples com um contexto imediato muito marcado pelas presenças dissonantes das antenas de telecomunicações ou os depósitos de água, afirmando desse modo, pelo contraste da sua abstração, a singularidade da função que representa. A este gesto junta-se a opção por uma materialidade culturalmente referenciada à zona de Barrancos, o xisto, tradicionalmente utilizado como elemento mediador entre algumas construções e a encosta ou em pequenos taludes e muros rurais. Nesse sentido, a proposta aplica-o extensivamente no exterior do edifício e em situações de contenção e modulação de terreno, buscando uma integração harmoniosa com a topografia e a paisagem envolvente, como é característica recorrente na vila de Barrancos.

A utilização do betão, como material de acabamento interior nas salas de velório, prende-se com o desejo de lhes conferir uma solenidade simples, que possa estabelecer uma continuidade com a rusticidade expressa pelo xisto que reveste o exterior do edifício. A opção por esta simplicidade tecnológica remete para uma exploração da natureza fundamental e do potencial expressivo nos materiais utilizados, contribuindo ainda para o necessário controle de custos.

As salas de velório, entendidas como um espaço de recolhimento, viram-se à paisagem através de uma fachada que pretende mediar de um modo contido a vista para o exterior, privilegiando um trabalho com a luz, filtrada pelos elementos muito espessos que a constituem. Pretende-se que esta relação pontualmente contemplativa com o exterior fomente uma espiritualidade que deverá caracterizar a vivência do espaço.



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arch: Jorge Spencer, Hugo Azevedo, Isabel Barreto, Nuno Arenga, Pedro Curião, Teresa Torres